domingo, 29 de maio de 2011

De lugares em lugares



De lugares em lugares.A cada passo, uma tentativa de encontrar, ou talvez reencontrar.De encontrar o que se quer e de reencontrar o que já se teve.O ter nesse caso, pode ser que não seja real.Olhares estranhos e preguiças, muitas preguiças.Preguiça de mundos, de abraços mal dados e de beijos pouco intimidados.Em cada lugar, havia uma busca, frustrantes e frustrantes buscas.É dificil de encontrar o que não se sabe que quer achar.Movimentos, danças, sorrisos e alguns apertos.Mas nada por dentro, nada que ultrapasse o desejo e a vontade, nada que surpreenda ou cative.Um cansaço, um suspiro e um, preciso ir embora.Não há espaço pra essa saudade, não há lugar pra essa vontade.Não há poesias, não há cantorias, não há,apenas não há.Encenações há.Alguns textos e cenas repetitivas.Repetir vem de fazer igual, ou tentar igual.E fazer igual algo que já foi feito vem de não conseguir fazer diferente.É po aí mesmo.Diferente.Eu preciso de algo que seja diferente, um sentimento, um toque, uma palavra, um alguém, que faça com que tudo seja diferente.Sem os mesmos porques,mesmos querer, e principalmente, sem as mesmas mentiras.É precisar do diferente que seja de verdade, com um pouco de imaginação, mas com mais verdade.De um diferente, que passe sim, em vários lugares, mas que em todos, tenha a sensação de que algo ficou, permaneceu, durou.E até, se apropriu.Forte, esse tal de apropriar-se do outro, mas hoje, não dá mais pra permanecer sem se apropriar....De lugares em lugares, de pessoas e pessoas, de palcos e palcos e nada de se sentir em casa, de alguém e de algum palco que realmente tenha um show, um show mais interno do que externo,mais pra dois, que pra multidão...

Bárbara Cristina

domingo, 8 de maio de 2011

Camisa de força interna



Bateu um desespero.Um aperto no peito, uma vontade imensa e uma solidão indiscreta.Desde que as coisas ruins começaram a se adaptarem, houve a perda da sensibilidade, da esperança e da saudade.Não há mais saudades, lembranças, nem sequer amores interrompidos.Agora só se trata de abismos, nada e mais nadas...Entre a dor e o nada, qual você prefere?Não sei.Mas o nada dói. Nos textos não há mais palavras, só espaços, letras do alfabeto, mal colocadas.Uma confusão intensa, uma insegurança amarga.Não há pra quem recorrer, nem pra quem avisar.Não há abraços, nem ligações emocionais.É tudo de uma efemeridade nojenta.São medos, doidos pra serem enfrentados, mas sem nem sequer chance disso. Horizontes e caminhos, paisagens, mares, todos, tudo, isolado, sem ocupação, sem envolvimento, sem vida...Dói alternadamente, bate na porta e ás vezes arromba, tornando o pouco da ilusão do bom em realidade torturante.Não há ouvidos ou sossegamentos que adiantem.É você, contra você mesma.É a procura por algo que não se sabe, ou por algo que não se ache...É ir atrás e permanecer intacta, é inércia, é dor e mais um pouco de dor...É fazer tudo, e ter a sensação de que não se fez nada, é tentar pular e ser presa numa camisa força interna, que te faz lembrar constantemente, que não depende apenas de você....

Bárbara Cristina