quinta-feira, 28 de julho de 2011

Desculpas pelo amor bem dado



Desculpas.Desculpas por ter achado que era pra sempre e ter demonstrado em todos os momentos que eu queria isso.Não era mentira, eu queria mesmo, mas hoje não quero mais.Olha, eu tenho uma instabilidade fora do comum, e isso me machuca tanto, mais tanto, porque eu sei que essa instabilidade quebra promessas, e eu venho quebrando muitas e muitas a mim mesma.Desculpa pelos beijos bem dados e pelos abraços apertados, desculpa, porque eles não vão existir mais, eu estou inapta pra qualquer tipo de sentimento desse tipo.Desculpa pelos presentes, eu sei que presentes traz lembranças, mas eu não resisti quando vi as coisas que pareciam com você e te presentiei com o maior amor do mundo.Desculpas por eu ter sido assim, tão misteriosa, tão enigmática, mas não é nada com você, eu também não me dou o direito de me entender, sequer darei um dia pra alguém.Desculpas pelos ciúmes possessivos, eu não suportava a idéia de você desejar alguém que não fosse a mim, e tendo ciúmes eu ingenuamente achava que podia controlar isso.Desculpas pelo controle, pelas ligações de madrugada e pelas mensagens cotidianas, eu não queria ouvir que você sente falta disso, mas não sinta, não mais, isso no fundo nem fazia bem pra mim nem pra você.Desculpas por todas as vezes que eu olhei nos seus olhos e te falei que te amava muito, dói tanto em mim, não conseguir te amar mais, dói mais ainda, por saber que dói muito mais em você.Desculpa por interromper uma historia, ou talvez, muitas histórias, mas eu tenho esse dom terrível de interromper amor, essa mania ilógica de acabar com as coisas duradouras, infelizmente eu ainda preciso tanto de imprevisibilidade, e com você, tudo se tornou tão previsível.Nunca se culpe, talvez você tenha sido a história mais sincera, mais eterna, mas eu não suporto não conseguir sentir coisas novas, e com você o sentimento se tornou tão antigo. Desculpa pelo amor bem dado.

Bárbara Cristina

sábado, 16 de julho de 2011

Aceite a sua incompletude




Não sou avessa a sonhos, vontades e nem mesmo à desejos utópicos.Mas, a perfeição pra mim não existe, nem nunca vai ser atingida, seja em qualquer aspecto, social, cultural, religiosa e muito menos subjetiva.A imposição de ideias, impor um ideal perfeito, me incomoda muito.Como diz a Psicanalista e Sociologa Caterina Koltai, "o problema não é sonhar com a idéia de perfeição, o problema é impor..."E dentre todas ideias de perfeições, uma insiste há muito e muito tempo: a completude, a partir do outro.Sim, as pessoas acreditam que serão "completadas" com a presença do outro.A incompletude é dada, tá em nós, não há quem nos complete, isso pode até chegar próximo, muito próximo,mas não completamente satisfeito.Alguns instantes temos essa percepção, em alguns momentos maravilhosos que passamos com quem amamos, essa ideia bate na porta, que agora tá completo.Mas não tá, e nunca vai tá, e que bom, sinceramente, que bom.Se houvesse a completude, não haveria a potencialidade pra tentar se completar.Sem os momentos ruins,não saberiamos o valor dos bons e por aí vai.Acho que os amores mais bem temperados, são aqueles, que se reconhece que o outro é o Outro, esse papo, de uma Só carne, unifica dois em um, unifica duas singularides em uma só, torna Uno, algo que não é Uno.Não dá.Talvez seja essa vontade imensa de fazer com que o outro seja uma parte de você, que alimenta esse papo de uma Só carne, essa necessidade de posse, de meu, pois, se o outro é parte minha,talvez eu possa controlar...Mera ilusão.Aceitei essa minha incompletude e passei a procurar o outro não como uma metade, uma parte que coloca em equilibrio, ou qualquer coisa assim, mas como alguem que se ame, se deseje, se queira, que se some, mesmo não completando...

Bárbara Cristina

"Quem nao sabe amar adoece" Freud

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Qual o problema de termos um sentimento sem nome?



Lendo e ouvindo discursos de Viviane Mose, me deparo com uma frase totalmente contextualizada que ela diz : Qual o problema de termos um sentimento sem nome?
E após seu discurso e sua frase, eu digo, nesse momento, estou com um sentimento sem nome.23 letras não dão conta de tudo que se passa aqui, agora.Talvez, porque, minha necessidade de nomear tudo tem se perdido com o tempo, e por um instante sequer, eu vi que isso não é ruim,nenhum pouco ruim.
Por que, insistem em querer achar significado, rótulos e denominações pra tudo?Pra sentimentos, pra afetos, pra relações, pra vida...Tem que ter um Nome. Em conversas de buteco eu me delicio ao observar o cotidiano tão complexo da vida.Em uma delas, surge a pergunta pra um casal que estão juntos: "Vocês estão o quê, namorando, ficando?"E o casal responde, quase em coral: "A gente não pensou nisso..."Todos que estavam ao redor tiveram a mesma reação de: eles são loucos, ou o quê, tão juntos a tanto tempo, se dão bem e nao pensaram nisso.A reação é visivel, notavel.E vem toda uma explicação desnecessaria pra minha reflexão,mas necessaria pra ocasiao.Um deles diz: "Sinceramente, a gente não preocupou muito com o nome do que tá acontecendo nao, tá bom como tá, e nem sequer o q eu sinto, eu já tenho um nome.Se é amor, se é tesao,se é paixão ou se é isso tudo junto, que não tem um nome.Sei lá sabe, pra que o nome.?"Poxa, pra que um nome?Pra que uma denominação pra tudo.Pra que controlar, dominar coisas tão... humanas.Quando as pessoas procuram verbos demas,denominações demais,racionalizações demais, elas deixam de sentir, porque sentir, não se contem em nomes, teorias ou por aí vai.Ás vezes eu acho que não saber denominar o que tá acontecendo internamente, angustia, amedronta, e por isso essa necessidade gigantesca de nomear...É amor ou amizade?É namoro ou rolo?É catolico ou evangelico?É heterossexual ou homossexual?É verdade ou mentira?É certou ou errado?A noção de certo e errado me embrulha o estomago.Pra mim limite só é bom, porque depois que você o coloca,é possível quebrá-lo, e talvez por isso um alfabeto contem um limte de letras, um dicionario um limite de palavras, e por ai vai...pra que a própria humanidade que criou, possa quebrar.

Bárbara Cristina

domingo, 10 de julho de 2011

Página


Complicado esse negocio de aprender a virar a página.A desprender-se.A desapegar-se.Complicado, porque depois que você aprende, você não esquece mais.E aquele papo de pra sempre parece nao fazer muito sentido.Porque o outro deixa de ser para sempre, e o único pra sempre é você mesma.E é uma pessoa pra sempre sem linearidade, sem certezas, sem respostas certas.E a falta de certezas e de respostas certas deslumbra e assusta.Mas é melhor.Nenhuma certeza é tão boa e nenhuma resposta certa é universal.Me acostumei com esse inconstante que se desbobra em me perseguir.Com esse movimento que me força um equilíbrio.Casei com a duvida, sem felizes para sempre, mas casei.

Bárbara Cristina